POEMA "O UNIVERSO"

 

Deus nos deu com os astros livros imensos:

               O livro do infinito,

Onde os mundos, com seu fulgor intenso,

               Mostram seu nome escrito.

Vendo os astros, podemos levantar,

Uma parte do véu misterioso;

Com os astros podemos estudar

Com a alma terá eterno gozo.

Contemplemos o cosmo colossal,

Pesemos, comparemos os gigantes...

Tudo nele é grande, perenal:

São sedutores, são apaixonantes.

§

Os mundos que povoam esse espaço

               São presos a um destino

E giram sem sentir nenhum cansaço,

               Pelo poder divino.

Surgiram das mãos do Onipotente

Que lhes pôs como alvo quase a eternidade

Cumprindo seu destino no presente

Nos diz como é forte a divindade

Confirmando o poder do soberano

Que criou esse orbe magistral

E conduz através desse oceano

A misteriosa esquadra sideral.

§

Cada astro um mundo encerra

Com seres e com vida

Com a que temos nós, na nossa terra,

               Ou mais evoluída.

Bem pode ser um sol que apenas vejo,

Monarca de um sistema planetário,

Que gira conduzindo seu cortejo,

Ou planeta erre solitário.

Contá-los todos? Oxalá pudera!...

Teria enfim a minha curta vida

Uma idéia cabal de tanta esfera

Que enche essa amplidão desconhecida.

§

Milhões bilhões de sóis de luz acesa,

              Percorre esse mar

Brincando de esconder na profundeza

              E assim nos intrigar

Quem pode acompanhá-los nessas plagas

Que brilham no empíreo de cristal?

Medimos-lhes a luz que vem em vagas,

Deciframos a análise espectral...

De alguns já sabemos a estrutura,

Tamanho, direção, velocidade.

Mas, tudo findaria na loucura,

Se quiser-mos fixar a quantidade.

§

Há quanto tempo temos esse espaço

              Com seu tremendo enigma?

E do espaço no tempo já não faço

              A mínima estima!

Qual deles viu primeiro o operar

Dessa Energia sábia, criadora?

Foi o tempo ou o espaço a ter lugar

Primeiro nessa Esfera encantadora?...

Poderia existir o velho cronos

Onde não existia uma extensão?

Ou podia o espaço erguer seus tronos

Sem que o tempo lhes desse a duração?

§

Quando o Tempo e o Espaço se formaram

              E nada mais havia,

Como foi que os astros iniciaram

              A sua hierarquia?...

Do nada ninguém pode retirar

Coisa alguma que em algo cristalize,

Do nada não se pode organizar

Esse orbe que nunca terá crise.

Como foi que surgiram esses mundos?

Quem foi que os colocou no firmamento?

Quem povoou os páramos profundos

De tanto sol, de tanto encantamento?

§

É que antes do tempo já existia

              Um sábio Criador

Que no vácuo do espaço construía

              Os mundos com primor.

Para nos esses sóis cantam a gloria

Desse sábio Arquiteto, onipotente,

E descrevem em órbitas a história

Que devemos lembrar constantemente...

Meteoros, satélites, cometas,

Os prodigiosos mundos que limitam

Nebulosas de pó, gás, ou planetas:

De Deus a existência todos grita.

§

Tudo teve início num momento

              E as nebulosas mil

Entram a formar o firmamento

Que vemos tão sutil.

Deus falou e as substancia inexistente

Em átomo brotou, organizando,

O orbe misterioso e imponente,

Que vem a todos nós intrigando

Com mil anomalias, desconsertos,

Nas suas mil galáxias, nos sistemas,

Asteróides e tétricos desertos,

Que trazem para a ciência mais problemas,

§

No pélago fantástico, parado,

              A ordem estrugia:

De iniciar o moto inusitado

Que espanta e delicia.

As miríades de mundos, de repente,

Descrevem suas órbitas no abismo

E o fazem tão doida e velozmente

Que fazem girar em paroxismo.

Essas rotas se cruzam, entrelaçam,

Em confusão medonha, que arrepia!...

Dão a idéia que os astros ameaçam

De levar tudo ao caos nessa porfia!

§

Os orbes, os sistemas, nebulosas,

              Na sua marcha etérea,

Vão girando por rotas majestosas

              Da amplidão sidérea.

Traçados sobre um mapa seus percursos

Dar-nos-iam a fúnebre impressão

De que aos Logos faltaram-lhe recursos

Para dar harmonia à criação...

 Na aparente anarquia de um desenho

Achamos revelados os encantos

Da ordem sideral e o desempenho

 Que Deus teve ao encher tantos recantos

§

Tudo gira no cosmo velozmente

              Em plena segurança

E os astros ministram eloqüente

              Lição de confiança.

Muitos deles recruzam seus caminhos

Como se tivessem duras grimas...

Mas, cruzando as rotas dos vizinhos,

Um deles vai por baixo, e o outro vai por cima.

Sem estudarem trigonometria

Traçam curvas, parábolas, elipses,

Inclinando-as com tanta e sã mestria

Que deixam ver de Deus as diretrizes.

§

Não temas, almas aflitas, algum impacto,

              Por um retardamento;

Nem esperes que entrem em contacto

              Crescendo o movimento.

São exatos, cronômetros leais,

Que desde a eternidade vem marcando

O tempo para todos os mortais,

Por rijas leis que estão-nos intrigando.

São “harpas” melodiosas a tocar

A mais bela sinfonia sideral

E com elas estão-nos a provar

 Que temos segurança universal.

§

No primitivo caos, na escuridão,

              Não há nem uma luz,

Mas eis que um dia jorra na amplidão

              A claridade a flux.

A luz que estava em Deus reconcentrada

De repente Ilumina esse universo...

Os astros iniciam a jornada

Cantando ao criador mágico verso:

Nebulosas, cometas, as estrelas,

Começam a brilhar em lindas cores,

Elevando um hino todas elas

A quem lhes concedeu esses fulgores.

§

Com a luz temos outra maravilha

              A reconsiderar

Estrelas, nebulosas... Tudo brilha

              De modo singular.

E os astros emitem tantas cores

Como flores do mais rico jardim,

Pois nos mostram na serie dos fulgores

Toda a escala – do branco ao carmesim.

Para os homens e para o Onipotente,

Esses astros são tais qual um ver gel,

Pois com sua cromática corrente

Ornamentam o celíaco dossel.

§

Etéreas potestades contemplem,

              A vida universal!

Vós celíacos cantores entoai

              O hino celestial

Ao ser que povoou essa amplidão

De espaços, nebulosas, universos;

Que pos no céu com tanta exatidão

Os astros que andam lá, todos dispersos!

Serafins, querubins, e voz arcanjos,

Honrai o criador desse prodígio,

Por saberdes quais arranjos

Que levaram o orbe a tal fastígio!

§

Vós iônios, protônios, eletrônios,

              Mesônios de Iucaba,

Com átomos e núcleos, e neutrônios,

              Que a ciência suspeitava:

Que pela inteligência do Engenheiro

Sendo nada o TUDO completais

Tijolinhos nas mãos desse Pedreiro

Que convosco fez mundos imortais

Em grau tão elevado da substancia;

Vós que encheis a amplidão desconhecida

Louvai esse Arquiteto com constância,

Tributado-lhe a glória merecida!...

§

Ó orbe, amplidões, galáxias frias,

              Que sempre efetuais,

Nos vossos movimentos, bizarrias,

              Com que nos deslumbrais.

Quem vós deu essa glória, essa grandeza,

E vos deu por morada o Macrocosmo?

Quem vos vestiu de tanta realeza

Depois de vos tirar do Microcosmo?

- Foi a mão diligente do Arquiteto

Da vida e vibração universal.

Ele espera que vós lhes deis completo

Tributo como o SER original.

§

Cantem à Deus louvores, asteróides!

              Minúsculos planetas,

Que vos portais nas vossas elipsóides!

              Quais lestas borboletas

Ensinai-nos o hino que cantais

Por estar num lugar imerecido...

Nós hoje bem sabemos que ocupais

O lugar de outro mundo já perdido.

Ensinai-nos a eterna melodia

Que elevais ao senhor deste universo,

A fim de Lhe cantarmos noite e dia,

Em uníssono, o nosso melhor verso!

§

E tu, terra, misérrimo planeta,

              Que levais nas entranhas

Uma raça cheia de veneta

              E de mil artimanhas,

Canta com teus vulcões, com os teus mares,

A quem te colocou em companhia

De astros tão grandiosos como Antares

E te dotou de tanta bizarria!...

Canta à Deus com os vales e montanhas,

Com teu ar, para nós vivificantes.

Os hinos que registram as façanhas

De quem fez esse cosmo crepitante!

§

Tu és grão de areia controlado

              Pelo luminar do dia,

Um astro como os outros arrastados

              Com tanta poesia.

Inclina-te, em santa reverência,

Perante a onipotente Majestade;

Sacode presto a sua sonolência

E confessa feliz essa verdade:

Que não tiveste origem de nebulosa

E nem és um pedaço de outro mundo,

Mas que foste criada, assim, graciosa,

Para dares a Deus louvor profundo.

§

Aldeia e cidades, continentes,

              Vós, vales e desertos,

Montanhas ou planícies sorridentes

              E cumes recobertos

Pelo manto da neve imaculada:

Elevai ao senhor vossos hosanas.

Canta-lhe tu, ó selva impenetrada;

Exaltai-o vós, ilhas soberanas!

Rios, lagos, regatos e ribeiros,

Com vossas frescas águas murmurai

O nome de quem fez tantos “braseiros”

E reverentemente o proclamai!

§

E tu mesquinho homem, que te elevas,

              Na tua pobre alma,

Querendo penetrar por essas trevas

              Que roubam tua calma.

Por que há de julgar que és tu só

O ser inteligente que admira

Os astros, nebulosas, gás e pó,

Sabendo, como sabes que é mentira?

Porque razão insiste no egoísmo

De julgaste o único capaz

De medir e pesar todo esse abismo

Que oculta teus mistérios tão tenaz?

§

Tu bem sabes ser isso teimosia

              É vaidade humana,

Que estulta insiste na porfia

              De crer-se soberana!

Porque razão devia a Natureza

Ser contemplada só para uma raça

Que jamais compreendeu essa grandeza,

E com seus detalhes se embaraça?

Por força, no Universo tem de haver,

Seres que tenham mais inteligência;

Que possam esse cosmo compreender

Penetrando assim na sua essência.

§

Reparaste na doce poesia

              Das noites de luar?

Não viste como as almas inebriam

              E como as faz sonhar?

Essas noites encerram tanto encanto

E elevam tão alto o pensamento

Que tudo achamos ser nobre e tão santo,

Que cremos a vida um sacramento!

Filósofos, poetas, namorados,

Seresteiros, artistas, pensadores,

No mágico luar são inspirados,

Olvidando os pecados e as dores.

§

Que diremos das noites dos outros mundos

              De nós bem conhecidos,

E julgam errarem moribundos

              Embora tão garridos?

Pois Júpiter com suas doze luas

Deverá ostentar noites tão belas

Que verias as tuas muito nuas

Se contemplares só uma daquelas...

Imagina; duas luas, suas faces:

Minguantes, ou crescentes, luas cheias!

De quanto resplendor serão capazes

Essas luas nas suas odisséias?

§

Se subirdes um pouco mais além,

              Encontrarás Saturno

Vestido com dez luas e também

Com um anel diuturno.

Que magia terá as noites lá?

Quanto encanto verão teus moradores?

E quão grato serão a Jeová

Ao ver dos anéis seus esplendores?

Isso prova que seres deve haver

Que contemplem a grande maravilha,

Que estão, nesses planetas, a escrever,

Tantas luas e anéis nas suas trilhas.

§

Há milênios que o homem vem traindo

               A sua afirmação,

Pois com medo e pavor andam fugindo

              Da sua presunção.

Não querem crer nos mundos habitados,

Nem em seres que sejam superiores,

Mas andam de pescoço esticado

À procura dos “discos voadores”!...

Telegrafam, escrevem dos boatos,

Dizendo que bem podem vir de Marte,

De Júpiter, de Vênus, esses “jatos”

Que vem tomar na terra a nossa parte.

§

É egoísmo crasso só pensar

              Que nossa humanidade

Seja só que está a contemplar

              Essa grandiosidade!

Crendo assim, nosso erro é bem maior,

Por quanto nos obriga a confinar

Nesta terra o grande Criador

Deixando-o homens só cuidar.

Seria exclusivismo tão tremendo

O de prender a Deus na nossa terra,

Que talvez recebêssemos o horrendo

“Ultimatum “ dos mundos para a guerra!

§

A ciência já provou que existe vida

              Em alguns dos planetas.

Porque razão devia ser banida

De terras mais provectas?

Com que fins exploram o espaço

Com sondas, com balões, “Sputniks ”?

Não será para darmos outro passo,

Que rompa da incerteza os nossos diques?

Sabemos que “astronaves” nos visitam,

Porém, desconhecemos quem as manda;

Mas, esses astronautas nos excitam,

Metendo nossa empáfia na ciranda;

§

Esses discos proclamam a uma voz

              A estultícia humana,

Pois julgamos somente que por nós

              A vida se derrama...

É tempo, já, de corrigir as faltas:

Astrônomos, cronógrafo, e físicos,

Geógrafos, geômetras e nautas,

Os homens do radar, os bioquímicos,

Espectrógrafos, mestres e Alunos,

Matemáticos, todos inclinem,

A cabeça com fé. Sede oportunos...

Genuflexos a Deus, ledos honrem!

§

 Pois, quanto mim se escrever pudesse.

               Na abóbada, infinita,

Defenderia bem a minha tese

               Numa palavra escrita:

Do trovão tiraria o ribombar

Colheria o silvar dos furacões

Da neve tiraria o ciciar

Da aurora boreal o seu clarão

Dos relâmpagos usaria os dedos...

Com tudo escreveria lá nos céus

O nome que desvenda esses segredos

Que estão-nos a empolgar e nos atraem:

                DEUS.

§

Do cosmo Deus nos fez um catecismo

               No qual podemos ler

Como temos que andar por esse abismo

               Sem nele nos perder

Um só nome realça essa grandeza:

DEUS - a estrela diz no azul dos céus

DEUS – diz ajoelhada a natureza

Em tudo quanto vemos está DEUS

DEUS - grita o mar estando enraivecido

DEUS – retumbante eco em tudo soa

DEUS – sibila o vento enfurecido

DEUS – é um hino que o universo entoa.